quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O que dizer?



Quando o choque da notícia de ontem passou, pensei em escrever alguma coisa em homenagem ao mestre, jornalista e amigo Victor Folquening. Mas o que dizer a respeito dessa pessoa? Que palavras poderiam fazer jus a uma das mentes mais brilhantes que já conheci? Mesmo não me sentindo à altura para fazer uma homenagem digna, vou tentar.

Nunca tinha ouvido falar de Victor Folquening até meados de fevereiro de 2007. Meu primeiro contato com ele foi em uma segunda feira chuvosa - como é tradição na UniBrasil - no meu primeiro dia de aula em uma universidade. E logo na primeira aula, Folquening já mostrou a todos aqueles quase 70 alunos que se espremiam em uma sala que ele seria um professor tal e qual o slogan da universidade naquela época: "Fora do comum".

Como não lembrar das brincadeiras em sala de aula? Quem já foi aluno dele com certeza escreveu "Sou Trouxa" involuntariamente em seu caderno. Com certeza também amaldiçoou ele e aquelas "prestações", que serviam como base para todas as aulas de Teoria da Comunicação, matéria que sempre conseguiu reunir as turmas praticamente inteiras para as temidas provas finais. E até nesses momentos Victor demonstrava sua personalidade, seu sarcasmo e deboche. Não era raro encontrar em suas avaliações questões perguntando sobre o pesquisador russo Gnineuqlof Rotciv (leia ao contrário) ou sobre o famoso teórico "Berga Motta".
Mas Victor Folquening sempre foi mais do que um professor. Muito mais. 

Torcedor fanático do Operário de Ponta Grossa, sua cidade natal, ele falava com orgulho de sua origem e dos casos que ele cobriu. E como os olhos dele brilhavam quando comentava sobre esses assuntos.
Não fosse pela sua idéia de fundar o Grutun!, talvez eu nunca tivesse descoberto a minha paixão pelo teatro, talvez nunca tivesse conhecido Alex Wolf, meu diretor e um de meus melhores amigos. É, Victor, com certeza você vai deixar muita saudade...



Enquanto escrevia este texto, uma lágrima escorreu pelo meu rosto, e junto com ela uma conclusão. Essa morte precoce é bem a cara do Victor. Enquanto muitos de nós temos aquela imagem de jornalistas morrendo de velhice, deixando para trás grandes prêmios e reportagens inesquecíveis, com Folquening não poderia ser assim. Morreu num acidente estúpido, aos 38 anos, quase como num deboche. Deixou grandes projetos, grandes obras, e como maior prêmio a admiração de quem teve o prazer de conviver com ele: seja como aluno, seja como colega de profissão, seja como amigo.

Adeus, mestre, vá em paz...